09 fevereiro 2023

Tempo

 O Tempo vem sendo tema de conversas, músicas, livros e diversas discussões no geral, mas eu não sei se as pessoas tem consciência de verdade do valor do tempo, do próprio e das pessoas a sua volta. Minha primeira leitura desse ano foi a obra "Dá um tempo" de Izabella Camargo, tudo partiu da inquietude da mesma em se perguntar se o tempo estava realmente passando mais rápido ou não, seria apenas a impressão de alguns, sendo assim, ela entrevistou especialistas, artistas, pessoas conhecidas e desconhecidas do público em geral, em busca de responder a essa pergunta. Recomendo.

Na verdade o que me instigou a ler o livro foi a participação de Izabella no podcast de Joel Jota, cujo episódio se chama Como cuidar melhor da sua saúde mental, a entrevista em si é um aprendizado e assisti fazendo  uma série de anotações. Uma coisa que me chamou bastante atenção foi quando ela falou sobre os contratos de tempo, por exemplo, um banco ou uma loja tem um contrato de tempo, uma hora certa para abrir e para fechar, e os mesmos deixam bem claro esse horário, sendo assim, se você chega atrasado ele vai estar fechado e não adianta discutir ou dar desculpas, existe um "contrato de tempo". Não há concessões, é isso e pronto, tem de respeitar.

Nós também podemos fazer contratos de tempo com as pessoas, afinal nosso tempo é muito precioso, mas o que me deixa intrigada, até que ponto os outros irão respeitar o nosso contrato? Eu tenho a impressão que não há um respeito com o tempo alheio, você percebe isso quando marcam algo às 13:00 e começa 13:30, quando dizem que vai até uma determinada hora e passa o horário estipulado. Eu sei que existe um péssimo hábito das pessoas chegarem atrasadas, porém, se eles entenderem que é aquele horário e pronto em algum momento aprendem a ser pontuais.

Se você vai usufruir do tempo do outro é essencial que você estipule o início e o fim, a outra pessoa precisa saber se ela tem esse tempo suficiente para disponibilizar. Imagine quantas reuniões poderiam ser um e-mail, quanto tempo perdido desnecessariamente. 

Como mãe todo o meu tempo livre é das minhas garotas, afinal chegará o momento em que elas irão seguir o próprio rumo e eu preciso aproveitar enquanto ainda as tenho por perto. Dessa forma, qualquer coisa que queira "roubar" o meu tempo já me incomoda. Gostaria que as pessoas tivessem mais discernimento sobre isso, que respeitassem os contratos de tempo, que valorizassem o tempo das outras pessoas, entendessem que a pessoa poderia estar em outro lugar, fazendo algo mais prazeroso, com alguém especial, mas ela estar ali com você então não desperdice o tempo do outro.

20 outubro 2022

Quando você rir para não chorar

 Uma vez eu li que o bom de estar no fundo do poço é que a partir dali não dava para descer mais, sendo assim, a tendência seria apenas subir, porém, o que não me contaram é que às vezes quando você pensa que está no fundo do poço você descobre que há um alçapão e que pode sim descer cada vez mais.

Os pessimistas dizem que não há nada tão ruim que não possa piorar, a verdade é que mesmo imaginando os piores cenários  e tentando se preparar para eles, a realidade pode ser mais dura do que prevíamos. 

E aí chegamos a um ponto crucial, o que fazer diante do fundo abaixo do fundo do poço?

Depois de sentar e chorar a gente levanta a cabeça e vê o que pode fazer, mas começa aos poucos, não dá para resolver tudo de uma vez, porém o que dá para resolver nesse momento? Nem que seja arrumar a bagunça da casa, lavar uma louça, o importante é se manter ativo, olhar o todo e dividir em pequenas partes.

Em seu livro A Voz na Sua Cabeça Ethan Kross nos diz que "Existe um motivo para sentir dor. A  dor nos alerta sobre o perigo, nos estimulando a agir". Sem dúvida se a gente está no fundo abaixo do fundo do poço a gente está sentindo dor, então o melhor a fazer é entrar em ação.

Também não podemos esquecer que as coisas não se ajeitam de um dia para o outro e dependendo da fundura do poço a escalada pode ser longa. O importante é não desistir, como diria uma grande pensadora contemporânea chamada Dory "Continue a nadar".

Só um adendo, daqui direto do fundo desse infindável poço a todos aqueles que por mim passar não espere simpatia, nem tão pouco animação, pois tem dias que o que eu vejo é apenas  dor e escuridão. Enquanto eu me esforço para ser um ser sociável estou travando uma luta diária, a cada dia um novo dragão. Esse ano tem sido um verdadeiro efeito dominó e cada mês atropelou o outro com circunstâncias de longa duração. 

08 março 2022

A luta continua

 Fui criada num lar marjoritariamente feminino, meu vô morreu quando eu tinha 3 anos, meu pai sempre foi ausente, tenho pouquíssimas lembranças dele, minha mãe morreu quando eu tinha 6 anos e ficou minha avó, minha irmã e eu. Éramos só nós para tudo. Eu tive duas meninas, minha irmã uma, seguimos sendo um lar feminino.


Nesse 8 de Março Dia Internacional da Mulher, celebramos a história, a luta, olhamos para nossas conquistas que ainda são tão recentes e vislumbramos tudo que ainda falta alcançar, não se iludam, a luta continua, temos muitos obstáculos a vencer.

No Código Civil do Brasil de 1916 a mulher era considerada um ser subordinado ao homem que exercia a chefia na organização da família, ao casar-se ela perdia a capacidade civil plena, pois só podia trabalhar ou realizar transanções financeiras se tivesse autorização do marido.

Minha avó nasceu em 1921, casou-se já com 38 anos o que  para aquela época já era considerada "moça velha", meu avô seu primo já tinha 60 anos, ela nunca tocou no assunto de porque casaram, não sei se foi arranjado para "garantir uma vida melhor" para ela, tendo em vista que na visão da sociedade era impossível a mulher garantir seu próprio sustento, seus bens ou sua vida. De quatro gravidezes só sobreviveu a minha mãe, pelo pouco que conheço a história, não acredito que ela tenha sido feliz.

Quantas histórias de mulheres que não tinham sua voz, seus desejos, sua opinião ouvida. Quantas mulheres criadas para obedecer, se calar, baixar a voz. Por quê?

A mulher está cada vez mais presente no mercado de trabalho, porém, essa mulher precisa de mais igualdade no lar para poder despontar no lado profissional, já chega dessa jornada dupla, a responsabilidade de casa é de todos, Homens podem lavar, cozinhar, cuidar das crianças tão bem quanto.

É triste também que tenha sido criada uma rivalidade feminina tão grande, que a tanto custo estamos tentando eliminar, de alguma forma a sociedade machista vem tentando dividir para enfraquecer, a gente escuta que "mulheres são difíceis",  que não é bom trabalhar com mulher, e se não cuidamos nos pegamos repetindo frases do tipo.

Acredito que praticamente toda mulher conhece alguém por perto que sofreu abuso, que sofreu violência física ou psicológica, que sofreu por causa do machismo. A luta é de todos, os homens precisam respeitar as mulheres não como se fosse uma mãe ou uma irmã, mas como se fosse uma mulher mesmo, e todos precisam entender que o Feminismo não é sexista, isto é, não busca impor algum tipo de superioridade feminina, mas a igualdade entre os sexos.  É um movimento social por direitos civis, que desde a sua origem reivindica a igualdade política, jurídica e social entre homens e mulheres. 

 Precisamos educar nossas meninas para que elas conheçam todo o seu potencial, e ensinar aos meninos que as mulheres devem ser tratadas com igualdade e que os direitos delas não tiram os direitos deles. 

01 março 2022

O que todo corpo fala - Joe Navarro

 Desde a primeira vez que vi esse livro ele me chamou atenção, fiquei curiosa para entender um pouco mais sobre como as pessoas mostram em sinais o que estão sentindo sem dizer uma só palavra.



Joe Navarro é um ex-agente do FBI e um dos maiores especialistas do mundo em comportamentos não verbais. Ele dá palestras com frequencia e presta consultoria ao FBI e a diversas universidades.

Com base em pesquisas científicas, casos reais e em sua própria experiência o autor vai nos ensinando a decodificar os sentimentos por trás dos sinais que o corpo dá, como uma perna balançando, mãos em torre, entre outros comportamentos.

Encontramos basicamente um guia, com direito a imagens demonstrando os sinais para que fique claro sobre o que ele está se referindo. Aprendemos não só a identificar no outro, bem como usar a linguagem não verbal para persuadir as pessoas e influenciá-las.

Um dos fatos que me chamou a atenção é que o rosto é o lugar menos confiável do corpo para investigar os sentimentos da pessoa. 

Navarro também deixa muito claro em diversos momentos que fazer uma análise corporal não é simples e podemos muitas vezes nos enganar. Portanto, precisamos usar esse conehcimento com parcimônia.


24 fevereiro 2022

Afinal quem educa?

 


Existe uma polêmica que perpetua nas redes sociais e vive ressurgindo que é o seguinte "A família educa, a escola ensina". Levada ao pé da letra a escola pede que os pais eduquem seus filhos para se comportarem, porque a única função da mesma é passar conhecimento de disciplinas específicas. Seguindo no raciocínio se não cabe à escola educar, não cabe aos pais ensinar essas matérias, dispensando esses pais de ajudar na tarefa de casa.

O dicionário Aurélio define professor como "aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina". Em contrapartida o termo educador é definido como "aquele que educa", nesse entendimento o papel do educador não é apenas de transmitir conhecimentos, mas  criar e oferecer condições que potencializem a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos, ou seja vai além da disciplina. fala sobre sociedade e cidadania.

No mundo ideal de famílias "comercial de margarina" e lares perfeitos, as crianças seriam todas muito bem educadas em casa, mas não precisa ser um gênio para saber que isso não existe. Conflitos, desestruturação, abusos, separação, muita coisa ocorre, e todos esses fatores refletem no desempenho escolar. Crianças e adolescentes feridas emocionalmente tendem a ter comportamentos difíceis na  sala de aula. 

É comum ver histórias de professores que ajudam alunos, que se preocupam, que vão além de sua função "ensinar uma disciplina"  e fazem toda a diferença na vida deles.

Eu sempre digo que fui educada por professores, foi na escola que aprendi coisas como respeito, ser uma pessoa educada e diversas outras coisas que não têm relação com português ou matemática. Não havia diálogos sobre coisas da vida na minha casa, talvez a diferença de 66 anos entre mim e a minha avó que me criou tenha sido um empecilho para isso, portanto, eu sou profundamente grata a todos os professores que fizeram uma  diferença gigante na construção do que eu sou hoje. 

Entendo que a questão fala sobre excesso de função para um professor que já faz muito, acredito que tem-se um medo de  sobrecarregar o mesmo. Porém, se você parar para pensar um só segundo, todos  nós estamos sujeitos a "educar" uma criança/adolescente com a qual convivemos e não precisamos ser pai, mãe ou cuidador para isso.  Nós repetimos a fala daqueles que admiramos, respeitamos. Nós somos capazes de influenciar muito mais do que podemos imaginar. Dessa forma, o posicionamento corriqueiro de um professor em sala de aula pode mudar a percepção do aluno profundamente, quer queira que não o aluno também é educado na escola, é ilusão achar que não é.

Partindo desse pressuposto, que possamos estar mais conscientes daquilo que emanamos, não é um trabalho a mais para  a escola, é para todos nós enquanto sociedade que queremos crescer e evoluir unidos. A escola também educa, bem como o tio , padrinho, amigo, vizinhos, é uma responsabilidade de todos.

23 fevereiro 2022

Sobre a não padronização dos tamanhos de roupa

 Você já deve ter percebido que não há uma padronização de tamanhos de roupas, vejo muito isso quando vou comprar peças para mim e principalmente para as crianças.  Tenho certeza que se você der uma rápida olhada no seu guarda-roupa verá peças de variados tamanhos. 

Quando nos voltamos ao mercado virtual isso se torna um problema ainda maior, pois dificulta comprar roupas online, já que cada marca faz as roupas do tamanho que lhe convém. Não sei vocês mas seguir aquelas tabelas da lojas que pegam os seus dados e tentam lhe dizer qual o seu tamanho nunca deu certo para mim, sempre dá o tamanho errado.

No entanto, o que me irrita bastante, é que esse tamanho varia também  entre as peças da própria marca. Minha filha de 3 anos, tem roupas de 2, 3, 4, 6 anos , não faz o menor sentido. Minha filha de 12 tem roupas de 12, 14, 16, 18 e até 20 anos. E essas peças muitas vezes são da mesma marca. Torna-se quase um jogo de erros e acertos, olhar a peça e tentar deduzir qual o tamanho comprar.

Outra coisa que tenho reparado é que parece que o tamanho de roupas femininas vem diminuindo, às vezes eu olho um 40 que parece um 36 de tão fino, o G também está cada vez menor. 

O Short de baixo é 38, o do meio 40 e o de cima 42

Sem falar que temos uma variedade de corpos enorme e as roupas femininas acabam sendo feitas para um único tipo de corpo que é o violão. Eu sou uma pessoa pequena, naquela escala de altura eu seria um Smurf, obviamente nunca encontrei uma calça do meu tamanho, já me acostumei, mas acontece que  tenho um tipo de corpo que já foi um triangulo invertido e hoje está mais para um retangular, ou seja todas aquelas roupas de cintura fina não me atacam.

Quando vou numa loja física e a vendedora me pergunta o tamanho eu digo acho que é tal, mas vamos ver, e quando começo a olhar as peças não acredito a numeração é a mesma, porém umas são grandes e outras pequenas.

Tenho peças P, M, G, tenho shorts de numeração diferentes, às vezes você pega um 38 que é maior que um 40 por exemplo. 

O pior é que isso mexe com a nossa autoestima, demorei um pouco para entender que o problema estava nos tamanhos, não no meu corpo.

Confesso, que comprar roupa para mim é sempre um problema, não acho o tamanho, ou os modelos que estão disponíveis eu não gosto. Veio uma moda gigante de decotes enormes na frente e atrás, não gosto de decote e principalmente se vai colocar um decote atrás porque não colocar um bojo? Tem peças que não dá para vestir sem sutiã e é impossível usar com um sutiã, me pergunto quem inventa esse tipo de roupa? Mas, essa já é uma outra questão.

O fato é que precisamos nos vestir, é uma necessidade básica e comprar roupa deveria ser uma coisa prazerosa, não uma dor de cabeça. Acho que uma padronização dos tamanhos já seria uma ajuda, pois saberíamos com certeza a numeração que comprar. 

 Segundo a  Agência Brasil A ABNT publicou uma norma para definir o tamanho das roupas femininas "A norma sugere dimensões em centímetros para cada biotipo, levando em conta desde o perímetro da cabeça, pescoço, ombros, busto, cintura, quadril, costas, coxa, joelho, panturrilha até o tornozelo".

Agora vamos ver como isso vai impactar nas marcas.

22 fevereiro 2022

Corajosa sim, perfeita não - Reshma Saujani

Não faz muito tempo postei no Instagram @casalforadamedia falando sobre como meninas também são crianças, depois de tanto ouvir aquela frase "Disseram que meninas são mais calmas, mas a minha não é", na minha opinião não é que as meninas eram mais tranquilas, a verdade é que elas eram mais podadas, "não suba aí", "fique quietinha", "seja boazinha".

Em seu livro Reshma fala que as mulheres são ensinadas a não correr riscos, a fazer só o que são boas. Enquanto isso, os meninos são incentivados a explorar, se machucar, escalar, tentar. Sendo assim, os meninos são criados para serem corajosos, e as meninas para serem perfeitas.


Reshma Saujani é fundadora e CEO da Girls Who Code (GWC), organização sem fins lucrativos dedicada a aumentar o número de mulheres na área da tecnologia. Comceçou sua carreira como advogada e ativista. Sua palestra TED, que inspirou este livro, já foi assistida por mais de 4 milhões de pessoas.

 De início ela conta a sua história como pela primeira vez aos 33 anos fez algo impensável, exercendo portanto o seu músculo da coragem. Se ela conseguiu ou não você precisará ler, mas ela fala justamente como que seu músculo da coragem só vai crescer a cada vez que você desafiar sua coragem, se jogar mais nos desafios, fazer algo mesmo sem se  sentir completamente preparada, ou mesmo que você ache que não vai conseguir.

Encontramos quase que um manual de como se tornar corajosa, aprender a dizer não, se libertar da necessidade de agradar e como sobreviver ao fracasso. 

Para mim esse é um livro mais que necessário, precisamos encontrar a liberdade que é se livrar da necessidade de ser perfeita. Como isso nos paralisa, tanto no pessoal como no profissional. Sem falar no mundo da maternidade onde a mulher é extremamente cobrada para ser uma mãe perfeita, como a própria autora fala, ninguém é perfeito todos somos um produto em andamento.

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